Os netos....Aos amigos Ari e Marta.

Recebi este texto da minha nora quando Natan nasceu.Guardei-o, porque é lindo e verdadeiro como só as coisas verdadeiras o são.
É de um poeta:Affonso Romano de Santana.
Dedico aos meus queridos amigos Marta e Ari , os vovós-coruja do LUAN

"Há um período em que os pais vão ficando órfãos de seus próprios filhos.
É que as crianças crescem independente de nós, como árvores tagarelas e pássaros estabanados.
Crescem sem pedir licença à vida."
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"Um dia, sentam-se perto de nós e dizem uma frase com tal propriedade que você sente que não pode mais trocar as fraldas daquela criatura!
Onde é que andaram crescendo aqueles danadinhos que você não percebeu?
Cadê a pazinha de brincar na areia, as festinhas de aniversário com palhaços, o primeiro uniforme?
A criança cresceu num ritual de obediência orgânica e desobediência civil e você está agora ali na porta da discoteca esperando que eles não apenas cresçam, mas apareçam!"
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"Esses são os filhos que conseguimos gerar e amar apesar dos golpes dos ventos....
Eles crescem meio amestrados observando e aprendendo com nossos acertos e erros.Principalmente com os erros, que esperamos não se repitam.
Não mais os pegaremos nas escolas e festinhas ;saíram do banco de trás e passaram ao volante de suas próprias vidas.
Eles cresceram sem que esgotássemos todo nosso afeto.Chega o momento que só nos resta ficar de longe torcendo e rezando para que eles acertem nas suas escolhas em busca da felicidade .
E que a conquistem do modo mais completo possível.
O jeito é esperar:qualquer hora podem nos dar netos.
O neto é a hora do carinho ocioso e estocado, não exercido nos próprios filhos e que não pode morrer conosco.
Por isso os avós são tão desmesurados e distribuem tão incontrolável afeto.
Os netos são a última oportunidade de reeditar nosso afeto.
Por isso é necessário fazer alguma coisa a mais, antes que eles cresçam.

Só aprendemos a ser pais quando nos tornamos avós e só aprendemos a ser filhos quando nos tornamos pais."