Ensinem os filhos a falhar....

A melhor coisa que li nos últimos dias foi a entrevista de Jean Pierre Lebrun nas páginas amarelas da Veja do dia 9 de dezembro.
Lebrun, psicanalista estudioso das relações familiares afirma com todas as letras que é fundamental ensinar os filhos a lidar com o insussesso.
Ele parte da premissa que o sofrimento é algo inerente (que faz parte, indissociável)à condição humana, fato que os meus muitos anos de vivência me fazem concordar .
Viver é também sofrer.
Desde que tivemos que abandonar o útero de nossa mãe , quentinho, confortável e nos submeter ao calor ao frio e à fome começamos a experimentar o sofrimento da condição humana.
Viver, crescer significa sempre perder a "satisfação completa" que nos proporciona o útero e o seio materno.A partir daí, até a idade adulta temos que aprender a nos tornar humanos, controlando nossos impulsos, nossos desejos, nossa fome, nosso relacionamento com o mundo.É uma longa aprendizagem.
O que inclui uma dose de sofrimento porque pressupõe abandonar os instintos e os impulsos e viver de acordo com o que a sociedade e a família espera de nós.
Temos que aprender a lidar com as frustrações para que não se torne algo destrutivo.
E de uma maneira geral os pais SEMPRE esperam que seu filhos sejam vencedores em tudo, porque na sociedade capitalista "os filhos se tornaram um indicador do sucesso dos pais"....
E nem sempre nos damos conta disso e que exigimos sempre mais deles, sem imaginar o quanto de sofrimento e angústia estamos lhes impingindo.
Óbvio: reproduzimos com eles o que nossos pais fizeram conosco!
Se os ensinarmos que falhar, perder, não acertar tudo, não ganhar sempre é o normal da vida de todo ser humano, estaremos não só ajudando-os nessa aprendizagem mas também "ajudando-os a construir pontes que levam a um entendimento superior do mundo e de nossa condição.Isso é o que nos diferencia e nos torna completamente humanos".E continua Lebrun:"um desequilíbrio nesse processo pode ter consequências", que pode significar o ingresso no mundo das drogas, por exemplo.
Conclui ele:"um cão será sempre um cão para o resto da vida"(...)um humano no entanto precisa se tornar plenamente humano e esse processo leva 20 ou 25 anos.
Leitura obrigatória.